PEC defendida por Romero Jucá deve tirar R$ 35 bilhões da Saúde em 2017
A proposta de emenda à Constituição
(PEC) nº 134 de 2015, conhecida como “DRU dos Estados'', pode tirar R$ 35
bilhões da saúde pública em 2017. A estimativa é oficial e foi feita pelo
Departamento de Economia da Saúde do Ministério da Saúde.
A PEC foi relatada pelo atual ministro
do Planejamento, senador Romero Jucá (PMDB-RR), que deu parecer favorável ao
projeto.
O texto deve ser votado em 2º turno no
Senado na 3ª feira (17.mai) da próxima semana. Estados poderão reduzir em até
R$ 14 bilhões os gastos na área. Os municípios poderão deixar de investir até
R$ 21 bilhões. O autor da proposta é o senador Dalirio Beber (PSDB-SC).
As informações são dos repórteres do UOL
André Shalders e Gabriel Hirabahasi.
Se a PEC relatada por Jucá não passar,
os Estados continuarão obrigados a gastar R$ 58,3 bilhões em 2017. Caso a
proposta seja aprovada, a verba poderá cair para até R$ 43,7 bilhões. A queda
nos municípios pode ser de R$ 84 bilhões para R$ 63 bilhões. Se aprovada, a
nova regra valerá até 31.dez.2023.
É importante dizer que os Estados e as
cidades não estarão obrigados a gastar menos com saúde. O que acontece é que
ficam desobrigados de investir parte do dinheiro que hoje é destinado obrigatoriamente
para a área.
Os números foram compilados pelo
Ministério da Saúde a partir de informações do Sistema de Informações Sobre
Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS), mantido pela pasta.
O mecanismo é semelhante ao que o
governo federal utiliza por meio da Desvinculação de Receitas da União (DRU).
Certos recursos que chegam a Estados e municípios, tanto por meio da
arrecadação de impostos quanto de transferências do governo federal, devem ser
obrigatoriamente aplicados em algumas áreas (entre elas a saúde). São chamadas
de “receitas vinculadas''.
A PEC estipula que 25% desse dinheiro
possa ser usado livremente. É daí que virá a diferença. Hoje, municípios são
obrigados a gastar 15% de tudo que arrecadam com a saúde. Os Estados devem
aplicar 12%.
O Departamento de Economia da Saúde do
Ministério da Saúde verificou quanto é aplicado no momento e fez as contas para
subtrair o que poderá deixar de ser investido na área.
Contexto: a ideia foi defendida ainda em
2015 pelo então ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Seria uma forma de aliviar o
caixa de Estados e municípios. No Senado, quando a PEC foi aprovada em 1º
turno, decidiu-se retirar os gastos com educação da proposta. Assim, a
principal área atingida hoje é a da saúde. Desde que surgiu, o Sistema Único de
Saúde (SUS) é financiado por contribuições das 3 esferas de governo (federal,
estadual e municipal).
No âmbito federal, a desvinculação que
existia há muito tempo era de 20%. Mas a validade da DRU do governo federal
terminou em 31.dez.2015. O governo Dilma tentou prorrogação, mas não conseguiu
emplacá-la na pauta.
A PEC da DRU dos Estados foi aprovada em
1º turno no dia 13.abr.2016. A deliberação seria na semana dos dias 1º a 7.mai,
segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros. Foi adiada pela votação do
impeachment de Dilma Rousseff, nas sessões de 11 e 12.mai.2016. Caso a PEC seja
aprovada no Senado, ainda precisará ser votada em 2 turnos na Câmara.
JUCÁ: DESVINCULAÇÃO NÃO É OBRIGAÇÃO DE
CORTAR
Antes da divulgação da estimativa,
Romero Jucá defendeu a aprovação da medida. “O mesmo remédio que socorre a
União precisa socorrer os Estados e municípios, também'', disse. “Ademais, a
desvinculação não significa obrigação de cortar. Trata-se de aumentar a margem
desses entes'', acrescentou.
Via UOL
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