Mesmo sem testes, Justiça autoriza venda de 'pílula do câncer' por R$ 6
Mesmo
antes do início dos testes clínicos em humanos, a chamada "pílula do
câncer" pode começar a ser distribuída pelo único laboratório autorizado a
produzir a substância no país, pelo valor de R$ 6 cada cápsula.
Desenvolvida
no campus de São Carlos para o tratamento de tumor maligno, a substância é
apontada como possível cura para diferentes tipos de câncer, mas não passou por
esses testes em humanos e não tem eficácia comprovada, por isso não é
considerada um remédio. Ela não tem registro na Anvisa e seus efeitos nos
pacientes ainda são desconhecidos.
O
"preço" teria sido calculado pela própria PDT Pharma, com sede em
Cravinhos (SP), ao ser questionado pela Justiça local sobre a possibilidade de
fornecer a fosfoetanolamina sintética mediante ordens judiciais.
Ao
menos 12 liminares já obrigam o laboratório a fornecer as cápsulas aos
pacientes com câncer em 30 dias, como afirmou o diretor da PDT Pharma, Sérgio
Perussi. Até esta segunda-feira (9), outras 275 ações tramitavam na Justiça de
São Paulo com o mesmo teor.
Perussi
disse que têm condições técnicas de produzir as pílulas, mas nega poder cumprir
as sentenças porque depende de autorização dos detentores da patente e da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercializar a
substância.
Até
agora, o laboratório recebeu permissão somente para produzir o princípio ativo
e entregá-lo à Fundação para o Remédio Popular (Furp), que deve encapsular a
substância e repassar ao Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp).
O
Icesp, por sua vez, será responsável pela distribuição das pílulas aos
hospitais que farão o estudo clínico pelos próximos seis meses. O primeiro lote
com 35 quilos da fosfoetanolamina já foi entregue à Furp e deve se transformar
em 70 mil cápsulas.
Laboratório definiu preço
Em
liminar concedida em 2 de maio, o juiz Luiz Cláudio Sartorelli explica que ele
e o juiz Eduardo Alexandre Abrahão, da 2ª Vara de Cravinhos, se reuniram com o
diretor da PDT Pharma para discutir da possibilidade de o laboratório fornecer
a fosfoetanolamina sintética mediante possíveis ordens judiciais.
O
encontro ocorreu em 20 de abril e, de acordo com o juiz, Sérgio Perussi
confirmou que poderia atender aos pedidos, desde que no prazo de 30 dias, uma
vez que precisaria ampliar a produção e providenciar as cápsulas para armazenar
a substância - atualmente, essa etapa é realizada pela Furp.
"Discutiu-se
o custo de cada unidade e o representante da empresa estimou em R$ 6, por conta
dos investimentos que se farão necessários para atender as ordens
judiciais", afirma Sartorelli na sentença.
A
partir da reunião, liminares passaram a ser concedidas pela Justiça local,
destacando que os pacientes devem realizar depósito antecipado do valor
referente à quantidade de pílulas que deseja adquirir - a dosagem fica a
critério do paciente ou do médico que o acompanha.
Via G1
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