Chama olímpica chega ao Brasil em plena tempestade política
A chama olímpica chegou nesta terça-feira a Brasília, na primeira etapa de uma viagem por mais de 300 cidades de todo o Brasil até a abertura dos Jogos do Rio de Janeiro, numa cerimônia que pode ter sido o último grande ato simbólico de Dilma Rousseff como presidente.
Durante três meses, a tocha será carregada por 12.000 revezadores, percorrendo todos os Estados do país, passando por rituais em comunidades indígenas, navegando a bordo de uma canoa, andando de skate, a cavalo ou voando de helicóptero, até chegar ao Maracanã, no dia 5 de agosto, data da cerimônia de abertura das primeiras olimpíadas em terras sul-americanas.
A primeira revezadora foi Fabiana, capitã da seleção feminina de vôlei bicampeã olímpica.
O avião com a chama pousou em Brasília com mais de uma hora de atraso, pouco depois das 7H30. O piloto agitou uma bandeira do Brasil pela janela depois da aterrissagem.
O presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e do Comitê de Organização Rio-2016, Carlos Arthur Nuzman, desceu as escadas do avião com a chama, que estava dentro de uma pequena lamparina.
Momento crítico
Acesa no dia 21 de abril, na cidade antiga de Olímpia, a chama foi entregue a Dilma Rousseff no palácio do Planalto.
"Sabemos da dificuldade política, conhecemos a instabilidade política. O Brasil será capaz de, mesmo convivendo com um período difícil, muito difícil, verdadeiramente crítico da democracia, nosso país saberá conviver com isso porque criamos as condições para isso, com a melhor recepção de todos os atletas e todos os visitantes", afirmou a presidente, ao receber a tocha olímpica em Brasília.
"Tenho certeza de que um país, cujo povo sabe lutar por seus direitos e sabe proteger sua democracia, é um país onde as Olimpíadas terão o maior sucesso nos próximos meses", acrescentou.
Dilma, que enfrenta um processo de impeachment no Congresso, corre risco de não participar da cerimônia de abertura.
Se o Senado decidir dar prosseguimento o processo, em voto na maioria simples a presidente será afastada do poder por até 180 dias, até o julgamento. Nesse caso, ela seria substituída pelo vice-presidente Michel Temer.
Apesar do momento conturbado no país, o ministro dos Esportes, Ricardo Leyser disse recentemente à AFP que a crise política não afeta a organização dos Jogos "porque o planejamento de execução das operações foi muito bom".
Sem trégua olímpica
Na Suíça, de onde a chama saiu antes de desembarcar no Brasil, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach deixou claro que a entidade está "seguindo de perto a situação política", mas ressaltou que com os Jogos estamos muito mais em uma fase operacional do que política".
"Para nós, o que conta é o grande apoio que os Jogos têm da população. Dentro de todas as disputas políticas, há um projeto que une os brasileiros que são os Jogos Olímpicos", enfatizou o dirigente no Museu Olímpico de Lausanne, ao lado da sede do COI, onde a chama passou depois do percurso inicial na Grécia.
Na antiguidade, a chegada da chama olímpica dava início a um período de tréguas, com as guerras momentaneamente interrompidas para que atletas de toda a região possam chegar ao torneio, em Olímpia.
Apesar dos apelos de "paz e união", o clima continua tenso, com especulações sobre possíveis eleições antecipadas.
A crise política e econômica ofuscou totalmente os preparativos para os Jogos. As obras estão praticamente concluídas, causando menos preocupação do que há dois anos, na Copa do Mundo, mas custaram a vida de 11 operários, contra 8 nos canteiros do Mundial-2014.
Além disso, existem preocupações sobre a situação sanitária do país, em relação às epidemias de zika, dengue, gripe H1N1 e de chikungunya, que levaram até algumas federações nacionais a ameaçar não enviar seus atletas ao Brasil.
Via Exame
Nenhum comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.