quarta-feira, 27 de abril de 2016

Baiano confirma propina para Cunha, mas diz desconhecer contas na Suíça

Em depoimento ao Conselho de Ética da Câmara, o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, confirmou nesta terça-feira (26) que repassou pagamentos de propina em espécie ao presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Um dos delatores da Operação Lava Jato, Baiano ressaltou, porém, não ter conhecimento de que o peemedebista tenha contas bancárias no exterior.
O lobista revelou em depoimentos de seu acordo de delação premiada que entregou, no escritório de Cunha, de R$ 1 milhão a R$ 1,5 milhão em dinheiro oriundo do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
Réu em uma das ações penais da Lava Jato, Eduardo Cunha é suspeito de manter contas bancárias secretas no exterior e de ter mentido sobre a existência delas à CPI da Petrobras em março do ano passado. Ele alega que é apenas o "usufrutuário" de fundos geridos por trustes.
“Eu, pessoalmente, entreguei R$ 4 milhões”, disse Fernando Baiano aos integrantes do Conselho de Ética, reforçando que as entregas de suborno sempre foram feitas em dinheiro vivo.
Responsável pela defesa de Cunha, o advogado Marcelo Nobre protestou e disse que as suspeitas de recebimento de propina não faziam parte do processo no colegiado. “Não estamos tratando de recebimento de vantagem indevida”, enfatizou o defensor.
Sobre a acusação de o presidente da Câmara manteria contas secretas no exterior, Baiano contou aos deputados que só soube da suposta existência delas pela imprensa.
“O conhecimento desses fatos é através da imprensa. Não conheço, nunca tive acesso, nunca fiz depósito para o deputado no exterior e, portanto, não posso tratar desse assunto.”
Por uma decisão do vice-presidente da Câmara, Waldir Maranhão, o foco da apuração no colegiado ficou limitado à suspeita de que Cunha teria contas bancárias secretas fora do país.
A decisão foi baseada no relatório preliminar do deputado Marcos Rogério (DEM-RO), que estabeleceu a continuidade do processo. Inicialmente, o relator determinava no seu parecer que Cunha deveria ser investigado por duas suspeitas: a de que omitiu a existência de contas no exterior e a de que teria recebido vantagem indevida.
Na hora da votação, no entanto, para que conseguisse votos suficientes para aprovar o parecer, Marcos Rogério concordou em retirar a acusação sobre a suspeita de recebimento de propina. No lugar, ele colocou uma observação de que a investigação poderia ser ampliada caso surgisse algum outro fato.

À noite, horas após o fim do depoimento de Baiano, Cunha foi questionado sobre as declarações do delator e negou as acusações. Ele informou, ainda, que pretende recorrer à Comissão de Constituição e Justiça por entender que o depoimento dele foi além do escopo delimitado na decisão do Waldir Maranhão.

“O Conselho de Ética é uma representação específica sobre supostamente eu mentir sobre contas no exterior, a qual ele disse não ter nada a ver com isso”, afirmou. Cunha desqualificou o depoimento de Baiano pelo fato de o delator ter dito que pagou propina ao peemedebistae e disse que o colegiado faz “um carnaval sobre a história”. “É um fato mentiroso, desmentido por mim e apresentado na defesa [no STF]”, disse.



Via : G1 

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