Câmara aprova projeto que libera uso e fabricação da 'pílula do câncer'
A Câmara dos Deputados aprovou
nesta terça-feira (8) projeto que permite a fabricação, distribuição e o uso da
fosfoetanolamina sintética, conhecida como “pílula do câncer”. O texto segue
agora para análise do Senado antes de ir à sanção presidencial.
Desenvolvida pela Universidade
de São Paulo (USP) para o tratamento de tumor maligno, a substância é alardeada
como cura para diferentes tipos de câncer, mas não passou por esses testes em
humanos e não tem eficácia comprovada, por isso não é considerada um remédio.
Ela não tem registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e
seus efeitos nos pacientes ainda são desconhecidos.
A "pílula do câncer"
foi distribuída durante anos pela USP de São Carlos. Desde novembro, a
distribuição está suspensa por decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo.
Atualmente, a substância é estudada pelo Instituto do Câncer de São Paulo, que
iniciará testes em seres humanos.
Pelo projeto de lei aprovado
pela Câmara, pacientes com tumor maligno poderão usar a “pílula do câncer”,
desde que exista laudo médico que comprove a doença. O paciente ou seu
representante legal terá ainda que assinar um termo de consentimento ou responsabilidade.
A proposta vai além e também
permite a fabricação da fosfoetanolamina sintética mesmo sem registro
sanitário.
“Ficam permitidas a produção e
manufatura, importação, distribuição e prescrição, dispensação, posse ou uso da
fosfoetanolamina sintética, direcionadas aos usos de que trata esta lei,
independentemente de registro sanitário, em caráter excepcional, enquanto
estiverem em curso estudos clínicos acerca dessa substância”, diz o texto.
O projeto ressalva, porém, que
a produção da “pílula do câncer” só pode ser feita por “agentes regularmente
autorizados e licenciados pela autoridade sanitária competente”.
"A burocracia estatal
demoraria demais para autorizar o medicamento, e o câncer não espera. O que
estamos fazendo aqui é liberando, dando a possibilidade, o direito de tomar a
pílula e a possibilidade para aqueles que querem fabricar a pílula", disse
o relator da proposta, deputado Marcelo Aro (PHS-MG).
Embora defenda a liberação da
substância, o deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP) ponderou que ela não tem
eficácia garantida e destacou que, se os testes apontarem que a pílula pode
oferecer riscos, a autorização para o uso terá que ser derrubada.
"Sabemos que há relatos
de melhorias ou bem-estar. Há relatos também de gente que usou e não melhorou.
Temos que ser francos para não oferecer uma esperança que pode não se confirmar
amanhã", disse o deputado do PT.
Do G1
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