A paralisação nacional de policiais, convocada para a próxima
quarta-feira, já tem a adesão de metade dos Estados brasileiros. Até o
início da tarde desta segunda, agentes de treze unidades da federação
aceitaram a convocação feita pela Confederação Brasileira de
Trabalhadores Policiais Civis (Cobrapol). São eles: São Paulo, Rio de
Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Amazonas, Pará, Alagoas, Paraíba,
Tocantins, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rondônia e Bahia.
"Distrito Federal e os demais Estados devem responder até terça-feira se
vão também cruzar os braços. Não recebemos nenhuma resposta negativa
ainda", disse ao site de VEJA o presidente da Cobrapol, Jânio Bosco
Gandra.
O movimento envolve policiais civis, federais e rodoviários - os
militares são proibidos, pelos códigos militares, de fazer greve, apesar
de haver algumas mobilizações isoladas. Gandra afirma que em alguns
Estados podem ser mantidos de 30% a 70% dos agentes trabalhando. "Vai
depender do nível de violência de cada lugar", diz. A medida, de acordo
com ele, é evitar que se repita em escala nacional o caos das ruas de Recife
na semana passada, em razão da paralisação da Polícia Militar. "Já
fizemos um pedido especial para que os movimentos pernambucano e baiano
não envolvam a PM. Não podemos causar o resultado inverso, queremos que
realmente melhore a segurança pública no país", reforçou o presidente da
Cobrapol.
O objeto da paralisação é pressionar o governo federal a criar uma
política de segurança pública que se preocupe também em melhorar as
condições de trabalho da força policial. "Não existe uma gestão nacional
nem investimento adequado. Nesse jogo de empurra, a população fica com a
sensação de impunidade. Em alguns Estados, o índice de crimes
solucionados não passa de 8%, é baixíssimo", diz Gandra, acrescentando
que não houve sequer treinamento adequado de policiais para a Copa do
Mundo. "Esperamos que o governo reagisse, mas ele decidiu treinar só 300
agentes da Força Nacional. Esse número é insuficiente para dar conta de
todas as sedes. A gente teme por isso. Pode ser um fiasco".
Fonte: Pollyane Lima e Silva / Veja
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