Por Bianca Oliveira
Alto Araguaia – Mato Grosso,
localizada a 420 km de Cuiabá, com aproximadamente 15.644 habitantes se tornou
uma das cidades com maiores PIB (Produto Interno Bruno) do estado. Enquanto no
país o PIB per capita brasileiro foi de R$ 19.766,33 em 2010, em Alto Araguaia o
índice ficou com aproximadamente R$ 48.650,43 por habitante, segundo
estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O município ficou em 9ª colocação
no Estado no ano de 2012, de acordo com o índice preliminar do Fundo de
Participação dos Municípios (FPM) divulgado pela Secretaria de Estado de
Fazenda (SEFAZ). Para 2013, o incremento é positivo na ordem de + 12,97%, com
uma arrecadação de R$ 4,2 milhões por mês.
O aumento na arrecadação e o salto
no crescimento econômico da cidade deu-se a partir de 2003, após instalação de um dos maiores terminais de
recebimento de grãos do país, Alto Araguaia se tornou um entroncamento
rodoferroviário, corredor de escoamento de grande parte da safra.
No município o crescimento na
economia local teve impactos positivos na vida da população com a geração de renda
e empregos, como cita o secretário de administração municipal Romildo José de
Oliveira “ Houve um desenvolvimento
substancial, Alto Araguaia deixou de ser um município de pequeno porte dentro
do estado passando a ser um município gerador de renda, agregador de valores. Um
dos municípios mais prósperos dentro do estado de Mato Grosso. Hoje a economia
da cidade deixou de ser só agropecuária, sendo hoje vinculada a
industrialização, transporte, comércio”.
Segundo
Romildo “Ganhamos força e com isso desenvolvemos a capacidade técnica, houve a
melhoria na questão educacional com a vinda de novos cursos, fizemos parecerias
com o Senai para promover a qualificação da sociedade local, então em todos os aspectos sociais, econômicos,
culturais houve uma mudança considerável de Alto Araguaia”.
No entanto, o alto PIB não
garante que essas riquezas sejam revertidas para a população. Apesar do aumento
significativo na arrecadação municipal nos últimos 10 anos, Alto Araguaia ainda
não conta com saneamento básico, que hoje chega a apenas 7,6% das residências
com o escoamento sanitário adequado.
Falta Política Pública na área da
saúde, a exemplo da destinação dos resíduos sólidos que está em discussão pelos
gestores, do tratamento de água que ainda é feito através de uma simples
desinfecção da água, da instalação de uma UTI (Unidade de Tratamento Intensivo)
no hospital municipal, que mesmo com 33,4 % da arrecadação municipal sendo
destinada à saúde, ainda há carência de investimentos em equipamentos, infra-estrutura
do prédio e recursos humanos especializados.
Atualmente, 17,8% dos recursos do
município são destinados a administração, investimentos mais altos que os
gastos com a educação que ficou com 17,4% da receita. Os investimentos na
assistência social foi uma das mais altas do estado que destinou em média 3,86%
enquanto o município gastou 6,2% com essa pasta. Com investimentos de apenas
7,8% em urbanismo os reflexos são vistos em vários bairros que ainda são
precários em sua infraestrutura.
Em relação à geração de emprego e
renda, o setor que aumentou a participação na estrutura do emprego formal foi a
administração pública municipal, que saltou de 16,52% em 2004 para 27,40% em
2010, segundo dados do Panorama Municipal feito pelo Ministério do
Desenvolvimento Social de Combate à fome. Hoje, segundo o prefeito Maia Neto,
R$ 2,2 milhões são destinados à folha de pagamento de funcionários.
O setor que mais perdeu participação nessa
área foi o agropecuário, caiu de 19,18% para 12,96%, mesmo com políticas
públicas voltadas para esse setor. Segundo o secretário de administração Romildo,
a gestão tem investido nesse segmento.
Com aproximadamente dez anos de
operação no município, o terminal de cargas da ALL (XXX), assim como em outras
cidades do país, expande seus horizontes. Com a expansão da malha ferroviária
até Rondonópolis, que fará a ligação com todo o estado, parte das empresas que hoje
operam em Alto Araguaia em um futuro bem próximo começará a operar nesse novo
trecho. A população araguaiense teme que com essa mudança haja queda na geração
de emprego e renda e na arrecadação local, embora as empresas afirmam que continuarão
a operar na cidade.
O morador e gerente administrativo
João Bosco Souza Rezende, 47 se mostra preocupado: “Na época da vinda dos
terminais a cidade não tinha emprego era parada. Após a instalação dos
terminais a cidade desenvolveu rápido, com certeza o terminal veio trazer pra
Alto Araguaia uma nova vida. O que me preocupa é que Alto Araguaia não está
preparada para a perda de parte desses impostos”.
O secretário de administração
municipal Romildo José de Oliveira reconhece a perda para o município, mas se
mostra otimista com as políticas públicas que a atual administração vem
realizando: “Nós não pensamos em perda, nós buscamos soluções. Uma das soluções
é a viabilização da MT-100 para que possamos abrir uma nova frente de trabalho,
a nossa preocupação hoje é com a recuperação da Agrenco para que ela volte a
funcionar no município, para geração de riqueza e empregos, nós não devemos
focar na perda e sim na busca por novas fontes para que possa suplementar o
déficit com a ida da ferronorte até Rondonópolis”.
Compreender e acompanhar as
transformações vivenciadas ao nosso redor é um desafio tanto para as
autoridades locais quanto para os cidadãos.
E quando elas se referem ao
crescimento e ao desenvolvimento econômico a tarefa não é fácil. Por isso, falar
dessa questão criando um debate e reflexão eleva o nível de aprendizado,
chamando as pessoas para importantes decisões que acontecem no município.
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