Todas
as cidades do interior procuram oferecer opções de lazer para seus moradores e
visitantes. E claro, uma forma de atrair os turistas e aumentar as vendas no
comércio. Em Alto Taquari\MT, o Lago Municipal, que fica no centro da cidade,
cumpre essa função.
A
“atração” recebe diariamente dezenas pessoas. Nos finais de semana e em datas
festivas a quantidade se amplia para centenas para se divertir,beber,
conversar com os amigos. Os bares em sua volta ajudam a manter o ambiente descontraído
e agregam as pessoas que por ali passam.
De
acordo com a prefeitura de Alto Taquari, o lago possui mais de 33 hectares de
espelho d’água (ou seja, mais de 30 campos de futebol) e uma profundidade
máxima de oito metros. Isso permite o trânsito de embarcações de pequeno porte
como lanchas, jet-skis e caiaques. A
cabeceira da nascente de uma dos rios mais importante da região, o Taquari, é a
fonte de abastecimento do lago. Em suas margens foram criadas duas praias, uma
dentro da cidade, que identificaremos pela letra A, e outra fora, localizada no
lado oposto, o B.
Apesar
das possibilidades de lazer, o espaço fica dividido em dois públicos, separados
pelas águas.
LADO A, LADO B
Na
praia A, os moradores locais e os visitantes encontram calçadas para fazer
caminhada, alguns pés de coqueiro em fase de crescimento e chuveiros em forma
de ave com água encanada para um banho pós-lago. Além disso, há um local para saída
e chegada de barcos.
Os
banhistas na praia A contam com dois salva-vidas que ficam durante o dia, e
para aqueles que se aventuram à noite, com festas nas margens do lago, três
seguranças com horários rotativos.
Também
existem várias placas de advertência para preservação do meio ambiente. Uma aponta
que não é permitido jogar futebol nos feriados e domingos, tomar banho com
peças íntimas e passear com animais na areia. Se algum banhista desrespeita
essas advertências, é retirado do local.
Já
na praia B existe apenas areia, um chuveiro temático e redes de vôlei.
Nota-se
que o estilo musical e as roupas deixam visível a diferença de público entre os
lados. Enquanto no A se curte pagode e funk, no B ouve-se sertanejo e
eletrônico. Roupas como bermudas curtas, blusas com decotes e cuecas\calções
são as características do público da primeira praia. Já o da outra se diverte
de bermudão e biquíni, com menor consumo de bebidas alcoólicas durante o dia.
De
um lado, reúnem-se, na maioria, pessoas de menor poder aquisitivo (praia A). Do
outro, no geral, as de classe média (B). Pelo menos isso é o que se enxerga.
Mas, há realmente diferença entre o público que frequenta um lado e o outro do
lago?
O que falam os frequentadores
As
pessoas entrevistadas fortalecem a existência de divisão de públicos e
reivindicam mais infraestrutura para o entorno do lago. Em todo o espaço físico
do lugar não há banheiro nem orelhões para caso de emergência, por exemplo.
"Os
dois ambientes são apropriados para toda a família, mas depende o local em cada
um deles. A praia B é mais apropriada pelo fato de não existir consumo
excessivo de bebidas alcoólicas. Falta para melhoria desse espaço árvores para
fazer sombra, banheiros e, sim, realmente percebe-se uma diferença nos públicos
das praias. Desse lado, o B, o publico é mais reservado. Do outro lado o
pessoal é mais carente”, diz Kerita Matias Faustino, 23 anos, enfermeira,
moradora de Alto Taquari e frequentadora da praia B, confirmando a diferença
socioeconômica entre os públicos.
A
comerciante Dinete Maria da Silva, de 34 anos, vai a ambas as praias, concorda
com Kerita quanto às suas peculiaridades e também cobra infraestrutura. “O
espaço (B) é apropriado para a família, no entanto não é freqüentado. Se (a
prefeitura) fizesse alguns quiosques, áreas verdes, o ambiente ficaria melhor.
A diferença entre as praias e seus públicos é o fato que na A frequenta a
classe baixa e na B, a classe média”.
Já
para a agente de saúde Gisele Nascimento, de 29 anos, o espaço (B) “é, sim,
apropriado para toda família e não faltam brinquedos para crianças nem bares
reservados”. Contudo, ela concorda com a diferença de público, sendo que na
praia A ficam “os pobres e na B, os burgueses”.
O
operador de máquinas Marcos Gonçalves da Silva Bonfim, 27 anos, pensa diferente.
Para ele, o lago é livre para todos frequentarem os lados que quiserem. Quanto
ao “clima”, se mais ou menos familiar, diz que “depende do horário que as
famílias virão”, pois até as 18h o local é adequado, porém quando escurece as
diversões ganham outros contornos. Marcos aproveita para reivindicar um parque
para as crianças brincarem.
A
última entrevistada, também comerciante e frequentadora de ambas as praias, Patrícia
Aparecida Silva, 43 anos, relata que o lago é público e que cada um vai ao lado
que deseja. Também fala que “deveria ter uma área de esporte (no lago), porque assim
o lugar seria mais aproveitado”.
Tudo junto e
misturado
A
divisão de públicos se desfaz em datas festivas, principalmente as relativas a
atividades esportivas, como etapas estaduais e nacionais de canoagem, motocross,
rodeios e som automotivo. Os eventos realizados nas margens A do lago unem as
classes sociais mais diversificadas do município e da região (Alto Araguaia,
Alto Garças, Santa Rita e outros).
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Política de moderação de comentários:
A legislação brasileira prevê a possibilidade de se responsabilizar o blogueiro pelo conteúdo do blog, inclusive quanto a comentários; portanto, o autor deste blog reserva a si o direito de não publicar comentários que firam a lei, a ética ou quaisquer outros princípios da boa convivência. Não serão aceitos comentários anônimos ou que envolvam crimes de calúnia, ofensa, falsidade ideológica, multiplicidade de nomes para um mesmo IP ou invasão de privacidade pessoal / familiar a qualquer pessoa. Comentários sobre assuntos que não são tratados aqui também poderão ser suprimidos, bem como comentários com links. Este é um espaço público e coletivo e merece ser mantido limpo para o bem-estar de todos nós.